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Posted by : Unknown
domingo, 22 de março de 2015
Homens acreditam que gênero é fator determinante para a competência em jogar
Longo caminho. Segundo Glenda Maciel, o mercado vem percebendo,
aos poucos, o número crescente de mulheres que jogam games
Me deparei com essa reportagem hoje no jornal "O TEMPO" a qual meu pai assina e não pude de deixar de vir compartilhar com vocês, nos mulheres estamos alcançando finalmente nosso espaço e sendo reconhecidas no mundo de jogos/jogos online?! Bom confira essa materia e compartilhe conosco a sua opinião! :D
- FELIPE BUENO
As mulheres estão jogando mais videogame e já representam 47,1% da fatia de jogadores no Brasil, de acordo com a pesquisa Game Brasil 2015, da consultoria Sioux. Esse número expressivo, no entanto, não significa mais respeito ou aceitação a elas. Pelo contrário. No universo dos jogos digitais, predominantemente sexista, as mulheres enfrentam desde piadas machistas a ameaças de estupro.
Dados e relatos mostram que é comum mulheres sofrerem preconceito em fóruns e jogos online. Para a empresária e gamer Glenda Maciel, 35, que joga desde os 8 anos, há dois comportamentos padrão de machismo nesse ambiente. “Alguns homens automaticamente dão em cima de você sem saber absolutamente nada sobre a sua personalidade. Outros acham que você não joga sério e presumem que você é ruim, ou que está jogando para agradar ao namorado. E quando você não dá corda para eles, é automaticamente xingada”, conta.
Um exemplo corriqueiro de misoginia vem de homens que acham que o gênero é fator determinante para a competência em jogar – sim, eles pensam que são melhores que elas. “Os machistas, geralmente, duvidam das habilidades da jogadora. Quando tentam fazer alguma gracinha e são ignorados, temos as tradicionais reações de rejeição, que incluem dizer: ‘Aposto que é gorda’, ‘deve ser muito feia’, além de usar nomes pejorativos para agredir”, completa Glenda.
Ela, que gosta de jogar “Dragon Age” – jogo de RPG para PlayStation (corrigindo é um jogo para todas as plataformas 'Kwione sendo chata hahaha') – raramente se aventura em jogos online. A empresária conta que é assustador como alguns jogadores ameaçam as mulheres.
“Em jogos como o ‘Dota’ (jogo de estratégia em tempo real em que os jogadores têm que destruir o ancião adversário), em que há muita interação entre pessoas, ou em fóruns, você encontra muitos adolescentes e adultos jovens cometendo assédio sexual. Eles fazem piadas agressivas, muitas vezes, com o tema de estupro. No ‘Dota’ tem diversos memes de estupro espalhados”, conta Glenda. “Há um mês, li um relato de uma menina que tinha sido ameaçada de estupro por alguns moleques na comunidade gamer. Ela procurou a mãe deles no Facebook e dedurou. Só uma mãe respondeu”.
Discriminação também parte das mulheres
A gamer santista Juliana Maransaldi, 22, jogadora desde os 6, conta que as garotas fãs de jogos digitais, assim como na sociedade, são diversas. “Não dá para rotular”, conta ela. O estilo nerd mostrado nos filmes não se aplica a Juliana – nem a muitas outras jogadoras. Juliana jogou profissionalmente de 2007 a 2012. Nos anos de 2010 e 2011, disputou o Mundial em Paris. Dessa experiência ela trouxe a constatação de que o preconceito de gênero é algo reproduzido também pelas mulheres. “Era muito comum ver algumas meninas dizendo que fulana era ruim, que ‘jogava que nem menina’. Aí, quando a garota era boa, era porque jogava ‘igual a homem’. Cansei de ouvir que jogava igual a homem, e isso era tão comum que, na época, não percebia que era preconceituoso. Hoje em dia respondo que sempre joguei do meu jeito. Eu jogo como mulher”, enfatiza. (FB)
Preconceito. A representação da mulher nos jogos é outro fator de disseminação do preconceito. Geralmente em papeis secundários, as personagens são, na maioria das vezes, acessórios ou objetos sexuais para os personagens principais. “Quase sempre elas são objetificadas e representadas apenas como as gostosonas, e não como personagens importantes. Pouquíssimos estúdios se arriscam nesse sentido”, critica Glenda.
Ainda segundo ela, apesar de o caminho ao enfrentamento do preconceito ser longo, o mercado vem percebendo o número crescente de mulheres que jogam e começa a apostar numa representação que promova a igualdade. “‘Tomb Raider’ é uma feliz exceção, no qual uma mulher forte é a protagonista. E hoje em dia, há estúdios como a Bioware, que fazem uma campanha fortíssima para a inclusão e representação não só da mulher, mas também de personagens de diferentes raças e orientações sexuais. Eles são muito bons nisso”, elogia
Gamer Gate
O episódio ocorrido nos EUA mostra quão hostil é o ambiente de jogos online
Zoe Quinn. Linchada.A desenvolvedora recebeu diversas ameaças depois de ter lançado um jogo chamado “Depression Quest”, que trata de sua experiência com a depressão.
Além de agredida, ela foi exposta e acusada de trair o namorado. E se viu obrigada a sair de casa quando seu endereço e contatos foram divulgados.
Além de agredida, ela foi exposta e acusada de trair o namorado. E se viu obrigada a sair de casa quando seu endereço e contatos foram divulgados.
“VAGABUNDA”
‘Nicks’ falsos ajudam a manter anonimato
A designer Tatiana Longo Muniz, ou simplesmente Tati Muniz, 24, joga “League of Legends” (jogo multiplayer de RPG online para PC) há dois anos, praticamente todos os dias. Depois de ser ofendida, ela decidiu mudar a identidade, um subterfúgio que as mulheres usam para permanecer no anonimato.
Ao perceber que estava jogando com uma mulher, o oponente começou a agredi-la verbalmente. “Fiquei supernervosa e resolvi que não queria mais passar por essa experiência. Isso me motivou a trocar meu nick, para omitir o fato de eu ser mulher. Eu não quero tirar vantagem nem ser atacada por isso. Só quero melhorar no jogo e me divertir”.
Márcia Elizabete Santos, 41, de Sumaré, em São Paulo, também conta que homens demonstram preconceito em relação à capacidade da mulher de realizar algumas “quests” (missões em que um jogador resolve enigmas em busca de uma recompensa) dos jogos. “Respondo com minha vasta lista de jogos ‘zerados’, como a série ‘Resident Evil’ e ‘Silent Hill’, ambos para consoles, que apavoram alguns gamers”, explica.
“Mas o pior preconceito que sofri foi da sociedade, pois, além de ter sido chamada de ‘vagabunda’, por não trabalhar em um emprego formal, ainda me relacionaram a uma figura pejorativa, como se fosse objeto sexual, usada pelos nerds. Isso não existe. Preciso de dinheiro para sustentar as atualizações e trabalho muito antes de chegar em casa para jogar”, diz Márcia. (FB)